Desencanto
Que importam cascatas de palavras
A jorrar como torrente da multidão
Se dentro de mim sou estranheza,
Solilóquio, saudade, solidão.
Que importam os francos sorrisos
A borbulhar da face como vulcão
Se dentro de mim sou só tristeza,
Dor, desencanto, decepção.
Que importam os dias nascentes
A tecer sóis como teia sobre o céu
Se dentro em mim sombreiam noites
Que encobrem meus sonhos como véu.
Que importa a profusão de gestos
A desatar do discurso cada nó
Se dentro de mim estou em cadeias,
Sigo, silenciosamente, sempre só.