EU, POETA MORTA
Insensível aos corações endurecidos
Eu poeta, escrevia meus amores e saudades
Não importando-me se iriam ler as anotações
Das tantas dores confessas em miríades
Vivia os meus dias sempre a sonhar com o encantado
Criando intimidades com a lua, o sol, e os passarinhos
Vestia-me de chuva, vento, brisa e orvalhos
Até que junto a estes construia o meu ninho
Mas eis que certo dia meu amado foi-se embora
Levando consigo a minha fonte de inspiração
Deixando-me na solidão, sem alegria nem esperanças
E quando hoje perguntam-me pelo destino dos meus versos
Respondo, com convicção, que eles estão com o meu amor
Enquanto dele, sequer, sei o roteiro das andanças!