Vivo a morte que é o meu nascimento

Não sei o que penso

E tampouco o que sinto

Não sei o que sou

E nem o que não sou

Mas agora

Não faz tanta diferença

Pois abandono aquela

Que foi imposta a mim

E que sempre me abandonou

E agarro-me aquela

Que foi imposta a outra

E que sempre me seduziu

Não fui como eu

E mesmo se fosse

Ainda assim não seria como ti

Pois sempre cultivei

A abstração da solidez

E a concretude da abstração

Alguns podem dizer

Que me faltou vida

Mas o que digo

É que sobrou

Vividez ao meu passamento

Soturnamente

Vou aos poucos

Esvaecendo

Já que minha tão adorada vida

Pôde proporcionar

Uma tão esperada morte

Lucas Lira
Enviado por Lucas Lira em 09/05/2009
Código do texto: T1584694
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