NASCIDO PARA LIBERDADE

Fiz falso meus ideais,

segregados na mais profunda obscuridade.

Deixei que os anseios reacionários,

sucumbissem ao peso do medo.

Transferi minha força para a covardia,

calando-me ao erro, sorrindo ao falso portento.

Deliciei-me com as hipócritas conjunturas,

versificando ao sabor das quedas.

Tropecei em andrajos servidores,

afagando os buquês dos abastados.

Mastiguei o osso que me foi ofertado,

com boca de quem ingeria lagostas.

Transladei meu corpo morto e sôfrego,

pelas trilhas da falsa politicagem.

Hoje me vejo enojado e busco o levante,

ergo o dorso que foi pisoteado,

cobrindo de escarros aqueles que me cercam.

Sou febril e vigoroso, embora encoberto pelo manto

que se enjeitava de desonra,

mas que vestia um homem nascido para ser livre.