O POETA E O MAR
Com a viola sobre o peito
Caindo em lagrimas desfeito
Sentado a beira de um mar
Comecei então a pensar.
Queria cantar as magoas
Olhando aquelas águas
Tão profundas e assustadoras
Mas nada acolhedoras.
O mar com olhar risonho
Disse-me num ar de escarninho
De tempo eu não disponho
Para ouvir o dedilhar de teu pinho.
Tenho entre as brunas meus amores
Tenho recebidos muitas flores
Dos meus distantes admiradores
E para os peixes vóis são aborrecedores.
Vendo então no meu sonho a desilusão
Sai de lá cabisbaixo e amargurado
Tentei muito aliviar meu coração
Mas não encontrei o lugar apropriado.
Tendo as canções mais lindas
Querendo com alguém dividir
Mas tenho que guardá-las, ainda
Não é hora de eu repartir.