CLICK
Como um botão de um despertador
A próxima bala está pronta pra disparar
Como se fosse uma maldição
Há mais uma criança ficando sem lar
E na calada da noite escondida
Na sombra da esquina [ terceira à esquerda
Mais um maluco injeta nas veias
O sangue dado ao capitalista
E nas torres institucionais
Milhões de destinos traçados
Ao bel prazer dos prazeres
Prazeres de um
Que causam dores a milhões
Os excluídos estão tão calados
A tal revolta nem se imagina
E nas favelas e nas periferias
O amor pensa que se manifesta
Mas que amor? Ora amor! Ora amor!
Isso é refúgio da situação
O que seria essa força de atração?
Instrumento da vida
Meio de perpetuação.
Um casebre sem dignidade
Uma vida de necessidade
Pra se continuar como sempre foi
Os dois disparos geram um barulho
O do que vai e o do que se foi.
Há quanto tempo isso é assim?
Por quanto tempo irá continuar?
Não há um dia sem algo ruim
Não há um dia pra se ignorar.
O amor finge que corre nas veias
Pergunte ao coração do que se trata
Despertador ou bala que dispara
Um indignifica, a outra mata
E o capitalista arquiteta
Novas formas de exploração
Convencem a todos que a solução
É um relógio que madrugada desperta
É uma bala direta ao coração
Será então que tudo está perdido?
Ah, eu não quero cantar esperança
Eu não quero alimentar um sistema
Movido a velhos, jovens e crianças
Que cria o que finge ser amor
Deixando o homem sem discernimento
E o disparo e o tiro certo
Nos que produzem tanto fingimento
É o disparo do despertador
Para um novo dia.