NÓS

De tantos nós,

nós somos feitos;

nós na garganta,

nós no peito.

De tão sós,

somos mesquinhos;

tão solitários,

somos sózinhos.

Que tantos pós,

nos cobrem agora;

cobrem rostos

já fora de hora.

E assim, inquietos

e nocivos e tristonhos,

descobrimos quão tarde é

para novos sonhos.