AO LEU

AO LEU

Deixei meus sentimentos ao leu,

Partí sem eles,

Explodí por ser grande demais pra minha carcaça.

Colhi beneditas e junto comigo,

deixei-as ao leu.

Contei um tempo que passou de dores,

E ofereci meu tempo de ternura ao leu.

Entendí que a caminhada era necessária.

Refiz projetos, apaguei sonhos.

Comprei taças de cristal, límpidas, frágeis,

Mas, as joguei ao leu.

Me despí de rancores,

Plantei milhares de mudas de esperanças,

Que murcharam ao leu.

Recolhi pedaços de vida e os refiz.

Contei ondas, grãos de areia,

Os perdí ao leu.

Entrei bem fundo em mim,

Vasculhei minhas entranhas,

Buscando um razão que fosse,

Mas, emergí ao leu.

Sonhei castelos,

Me contentei com cabanas.

Pratiquei o amor,

Na tentativa de apagar a dor,

Só então, entendí que noite

É somente a continuação do dia,

Que um dia eu acordaria,

E, fatalmente ficaria ao leu.