BICHO DEVORADOR
Escorre seiva sanguínea
Corre-me a dor pelas artérias
E retorna pelas veias
A dor cardíaca mortífera
Ao ponto de partida deste tormento;
Sensação de morte algumas vezes
E de angústia intensa noutras,
Falo-te deste sofrimento,
Deste sacrilégio perturbador,
Às vezes sinto tonturas
Outras sinto o horror do adeus indizível
Como a criança distante do
conforto de sua amada mãe.
O medo passeia pelo meu corpo,
Corre, anda, estanca e continua,
sinto-me vivo querendo morrer
quando a dor aperta o suficiente
para lágrimas salgadas
inundarem-me a face.
Mata-me logo bicho devorador,
Destroça essa dor que me rabisca,
Estou entre as trevas e o paraíso
Cada vez mais tomado
Por essa dor invisível sem fim.