Desencanto

Uma flor que brota no meio do asfalto é apenas uma feia flor,

Suas pétalas falhas, seu talo seco, são incapazes de provocar o menor furor,

Palavras doces e meigas um dia foram ditas,

Comparações fizeram tendo como respostas expressões comovidas.

E no entanto eis que temos a mesma flor,

E aquilo que um dia encantou hoje é desencanto, não há mais amor,

Não foi o vento que levou, mas um carro que passou,

Destruindo a feia flor.

O sentimento se desfez,

A razão está em crise,

Ninguém mais terá a sua vez,

São todos infelizes.

Vidas que brotam em meio a condições adversas,

Tanta crueldade, tristeza, desamor, violência, moléstias,

Realidade algoz e sádica,

E todos vão sucumbindo em meio as suas desgraças.

Vai ver o destino de todo encanto é um dia alcançar o desencanto,

Assim como o dos olhos, lábios e face é alcançar o pranto,

Até que um dia nada mais causará espanto,

E de tanto ouvir o canto que um dia fora soberano,

O sabor se perdeu, reduziu de tamanho.

Itaci Silva Camelo

Itaci ISC
Enviado por Itaci ISC em 18/04/2009
Código do texto: T1546402
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