Desencanto
Uma flor que brota no meio do asfalto é apenas uma feia flor,
Suas pétalas falhas, seu talo seco, são incapazes de provocar o menor furor,
Palavras doces e meigas um dia foram ditas,
Comparações fizeram tendo como respostas expressões comovidas.
E no entanto eis que temos a mesma flor,
E aquilo que um dia encantou hoje é desencanto, não há mais amor,
Não foi o vento que levou, mas um carro que passou,
Destruindo a feia flor.
O sentimento se desfez,
A razão está em crise,
Ninguém mais terá a sua vez,
São todos infelizes.
Vidas que brotam em meio a condições adversas,
Tanta crueldade, tristeza, desamor, violência, moléstias,
Realidade algoz e sádica,
E todos vão sucumbindo em meio as suas desgraças.
Vai ver o destino de todo encanto é um dia alcançar o desencanto,
Assim como o dos olhos, lábios e face é alcançar o pranto,
Até que um dia nada mais causará espanto,
E de tanto ouvir o canto que um dia fora soberano,
O sabor se perdeu, reduziu de tamanho.
Itaci Silva Camelo