SILÊNCIO QUE VERTE DISTÂNCIA

Ouço cegamente

a visão muda do teu afastamento

pela recta do silêncio que verte distância.

Tão perto

do longe afiado

por sensações mentirosas,

que me fazem cair fragilizado

nos braços da saudade obcecada

em controlar todos os meus passos.

Pé ante pé

sobre a dor de emoções adiadas,

poderosamente irritadas no altar

que elogia o vazio revelado em agonia nua

numa lágrima que tarda sucumbir no frio de um beijo.

Anónimo da noite

de verdadeiras razões

do início quente do romance.

Ao dia sem sol

que nos engole num terror gélido,

marcando o fim de uma musa no interior do destino.

Rispidamente

empurrado para o profundo

do sentir tristeza imensa depois do teu adeus desinibido.

Pasmadamente

despercebido no teu olhar alheio,

bisbilhotado por perguntas do não acreditar em mim.

Desconheço o valor

mais correcto deste sentimento,

assíduo na luz da verdade escurecida no teu ciúme.

No badalar momentos

de beleza em todos os sentidos,

termos acontecido sem saber o que faleceu em nós.

Mantenho-me firme

no meu pisar as madrugadas

a soletrar o teu nome com orgulho doce de paixão.

No meio de nadas

que derretem o meu tempo ferido

por sombras que vivem às custas de arrependimento.

Interno-me numa culpa

de pés e mãos atados à silhueta

de uma múmia preenchida por contornos

sem o eco da voz vestida de pretextos para afastar

o Inverno das colinas do inferno da alma num grito,

de uma fogueira onde ardem os nãos da nossa separação