HÓ, COITADO!...
Enquanto escrevo
E derramo minhas lágrimas
Nestas folhas, frias e insensíveis,
Que não sentem a minha desolação!
Nelas escrevo, desperdiçando rimas
Que pretende lhe convencer
Do meu amor e de minha nobre aspiração.
Mando-lhe recadinhos apaixonados
E enquanto faço-lhe juras extremas,
Acarinhada nos braços de outro, você está!
E eu, coitado, me desdobro, para,
As mais lindas palavras a você direcionar
Esperando que as leia e correndo
Venha, naquele lugar me encontrar!
Não és amada! E a falsidade, vive a lhe rondar,
Encontra-se doente e já não consegue chorar
Mas disto você deve gostar, porque,
Se assim não fosse, deste seu amor prejudicial,
Em mim, a sua cura já teria findo procurar.
Choro sozinho a falta que me faz,
Pesquiso doces palavras que lhe enterneçam
E esforço-me para a mais linda mensagem lhe enviar
Declamando-as em rádios, publicando-as nos jornais.
Inutilmente estou a me desgastar, e na cidade,
O meu filme já não posso rodar, pois por você,
Desmoralizou-se de tanto eu o queimar!
E só você não quer acreditar, que,
Vives iludida, por um nada, ludibriada,
E eu escrevo a noite, procuro-lhe a luz do dia
Para lhe arrebatar das garras, do dispensável,
Que a trás engambelada, na livre ilusão,
Definhando, resignada e amargurada.