os poemas que não fiz

talvez remetessem à raiz

de sentimentos profanos

de sofrimentos mundanos

como os que nunca eu quis

debaixo da colcha da cama

ou calmo, imprensado na lama

arfando como a meretriz

os poemas que não fiz

quebraram a minha vidraça

me esvaziaram a taça

causaram-me a cicatriz

que hoje exibo solene

que ela é pra sempre, perene

como o licor de anis

os poemas que não fiz

não sei se fizeram-me frágil

ou se me tornaram portátil

como um lap-top infeliz

mas hoje não quero o lamento

só quero da vida o alento

de tê-los no esquecimento

saber que não pude e não os fiz

Rio, 13/02/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 01/04/2009
Código do texto: T1516624
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