VIAGEM AO CENTRO DO MEU CORAÇÃO

O quão gostaria de ser indiferente

Ao meu coração Atlântico e masoquista:

Emotiva tempestade oceânica

Que me domina, deixando

A temeridade ganhar substância

Para depois, de maneira imperativa,

Singrar toda a estrada da minha sina

Como se fosse a inexorável, vampírica

Csarina, A Grande Catarina!

Conforme uma febre irascível, raivosa,

O passionalismo, em mim, aflora:

Portanto, os assentes pilares da prudência

Comutam-se na mais moribunda geleira.

Assim, ao simples desabrochar

Dos olhos da aurora,

A sensatez cai morta

E descerra as comportas

Para a plena vazão

Da vontade indômita, furiosa!

Então, levianamente,

As palavras pululam

Do cérebro, convergindo

Célere e torrencialmente

Á malograda boca, impertinente.

A sinceridade dá o tom da retórica:

Os vocábulos grossa e sumariamente quedam

Tal um toró de chuva

Que rebenta do celeste ventre

Da soteroplitana primavera.

Afinal

Falo quando ela declara

Seu amor a outrem:

Sim, infelizmente,

Foi no momento adverso

Que os meus lábios de epicédio

Abriram o gás do verbo.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 27/03/2009
Reeditado em 02/06/2010
Código do texto: T1508563
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.