Réplica Humana

Inda que eu vague por montes,

inda que vague por vales;

que veja nos horizontes

as visões puras, sem males;

Inda que eu durma na relva,

inda que sonhe nas nuvens;

que veja na Estrela d'Alva

só uma estrela, em viagens;

Inda que eu cresça e recresça,

inda que parta e retorne

aos braços que não mereça:

sei ser massa vã e informe,

Inacabada e final.

E, não bastasse isso tudo,

Deus, num afã celestial,

o eco de um grito agudo

Me faz repetir, cabal:

um eco distante e azul,

febril: em mim tenho, imortal,

a maldição de ser poeta...

Jô Siqueira Souza
Enviado por Jô Siqueira Souza em 25/03/2009
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