Amanhã talvez

Os dias são vagos

As noites sem fim

Meu pensamento parado

No tempo, no espaço

Alheio a tudo, longe de mim

Busco pelo nada

Pelo que não foi guardado do que já se foi

E a falta de vestígios

Sinais, pegadas

E o que incomoda: o depois

Cansada do fim, longe do começo

Minha paz pede espaço

Minha cabeça, descanso

Meu coração, consolo

Meu corpo, abraço

Aos meus ouvidos, sem música

Sinto o som chegar

Através dos meus olhos, sem cor

Assisto a vida correr

Deixo uma lágrima rolar

Meus pés se movem

Aqui, no mesmo lugar

Minhas mãos alcançam o nada

Mas se estendem em vão

Querendo tocar

No quarto, no escuro,

No vazio, no chão,

Com o ermo acostumado

Meu corpo sem toque, sem tato

Mas hoje não...

Não venha hoje, não apareça

Não quero levantar

Pois conheço a queda

Do abandono, da solidão

E a dor que ela traz...

Não venha hoje, não apareça

Não quero te ter e perder

Não posso te deixar entrar

Enfrentar-me e vencer

Hoje não,

Amanhã talvez...

Rúbia Mussi
Enviado por Rúbia Mussi em 01/05/2006
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