PROSTITUIÇÃO INFANTIL NO NORDESTE - PARTE II

(Cena 2 – A Escola sem teto e sem parede)

Adiante

A escolinha ao tempo

Como teto,

Folhas dos coqueiros,

Vizinhança

A garça solitária

A merenda cobiçada

A espera do recreio

Que nunca chegava.

À sombra, bancos velhos

De coqueiros vencidos

Pelo tempo

Ainda servindo ao Templo

Antes de chegar o tempo

Dos devorantes cupins

Ou homens sem piedade

Meninada rezava

De mãos dadas

Como em cantigas de roda

Ora de mãos postas

Angelicais de olhares inocentes

Fixados aos altos

À procura de Deus.

A menina atinou sôfrego suspiro:

Um dia serei garça.

Acompanhando a prece

A garça diz: Amém.

Às vezes

Tia Cota

Olha para o mar,

A procura de Deusemar

Lá estava ele

De remos às mãos

Calejadas

Suor sobre a testa

Suspiro ofegante

Peito estufado,

Em luta desigual,

Levava o seu barco

Ao horizonte perdido,

A busca do sustento

Por Ele multiplicado.

Na mesa da Galiléia

Vilson Caraíbas
Enviado por Vilson Caraíbas em 14/03/2009
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