PROSTITUIÇÃO INFANTIL NO NORDESTE - PARTE II
(Cena 2 – A Escola sem teto e sem parede)
Adiante
A escolinha ao tempo
Como teto,
Folhas dos coqueiros,
Vizinhança
A garça solitária
A merenda cobiçada
A espera do recreio
Que nunca chegava.
À sombra, bancos velhos
De coqueiros vencidos
Pelo tempo
Ainda servindo ao Templo
Antes de chegar o tempo
Dos devorantes cupins
Ou homens sem piedade
Meninada rezava
De mãos dadas
Como em cantigas de roda
Ora de mãos postas
Angelicais de olhares inocentes
Fixados aos altos
À procura de Deus.
A menina atinou sôfrego suspiro:
Um dia serei garça.
Acompanhando a prece
A garça diz: Amém.
Às vezes
Tia Cota
Olha para o mar,
A procura de Deusemar
Lá estava ele
De remos às mãos
Calejadas
Suor sobre a testa
Suspiro ofegante
Peito estufado,
Em luta desigual,
Levava o seu barco
Ao horizonte perdido,
A busca do sustento
Por Ele multiplicado.
Na mesa da Galiléia