PROSTITUIÇÃO INFANTIL NO NORDESTE - PARTE I
(Cena 1 - A criançada correndo para a Escola)
A garça sobrevoa
A Aldeia de Camurijatiba.
Tremulando bandeiras
De Paz, em par
Pousa no coqueiro,
Bastião costumeiro.
Tomando a tarefa
Do vento.
Suas gargalhadas,
Seguem o cadenciado
Do lamento do mar,
Afugentando silêncio
Da noite desvanecida.
A aurora surgia eguida
Da molecada em algazarra,
Como bando de garças.
De livros sob os braços,
Às vezes abaixada
À cata de pedras,
Às vezes pulando
Lamentando a altura definhada,
Lançava-as,
Como atletas de dardos
Atingindo o maturi indefeso.
Ainda molhado do sereno.
E continuava.
Na mesma balada.
Tia Cota apressada
Chocolateira fervendo
Ao fogão de lenha,
Agoniada
A procura dos livros
Esbravejava o decote
Mal abotoado.
Saía em disparada
Ao alcance dos cantores
Com o olhar da maestrina
O coro parava.
E como anjos seguiam
A caminhada
Em silêncio.