PROSTITUIÇÃO INFANTIL NO NORDESTE - PARTE I

(Cena 1 - A criançada correndo para a Escola)

A garça sobrevoa

A Aldeia de Camurijatiba.

Tremulando bandeiras

De Paz, em par

Pousa no coqueiro,

Bastião costumeiro.

Tomando a tarefa

Do vento.

Suas gargalhadas,

Seguem o cadenciado

Do lamento do mar,

Afugentando silêncio

Da noite desvanecida.

A aurora surgia eguida

Da molecada em algazarra,

Como bando de garças.

De livros sob os braços,

Às vezes abaixada

À cata de pedras,

Às vezes pulando

Lamentando a altura definhada,

Lançava-as,

Como atletas de dardos

Atingindo o maturi indefeso.

Ainda molhado do sereno.

E continuava.

Na mesma balada.

Tia Cota apressada

Chocolateira fervendo

Ao fogão de lenha,

Agoniada

A procura dos livros

Esbravejava o decote

Mal abotoado.

Saía em disparada

Ao alcance dos cantores

Com o olhar da maestrina

O coro parava.

E como anjos seguiam

A caminhada

Em silêncio.

Vilson Caraíbas
Enviado por Vilson Caraíbas em 14/03/2009
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