Poesias Medicinais
Ah! Acabei de morrer.
Propuseram uma autópsia.
Abriram meu peito – rígido -
e sangue de desilusão escorreu...
No meu coração encontraram vestígios de lágrimas.
E uma pulsante esperança arredia de amar.
Em meu cérebro pensamentos pensados, pesados e cansados
De pensar tanto e tanto pra nada...
Retiraram minhas retinas,
Que tanto se perderam em paisagens amorosas
Que desfilaram feitas top-models deleitando meu olhar
E depois o afogando em fel.
Abriram meu estômago,
Transbordava poesia.
Ah! Quanta poesia em digestão.
Essas sim, enquanto vivo era, eram meus remédios: poesias medicinais.
E os doutores concluíram:
- Causa mortis: overdose de poesia.