NU NO VASO SANITÁRIO (Celismando Sodré - Mandinho)
NU NO VASO SANITÁRIO
( Celismando Sodré- Mandinho)
Foi no vaso sanitário em que ele
Por um breve momento percebeu,
Sua necessária insignificância
E daí a fundamental importância
Na busca da compreensão
Da harmonia vivencial
Que vem com a evolução
Para a energia una universal.
Insignificância...
Por descobrir que era apenas
Partícula de um todo,
Grão vivo de areia no deserto
Igual a tantos neste mundo
Que tão pouco sabia e via
Do infinito por saber e ver.
Importância...
Porque era complemento,
Interdependentes de outros complementos,
Que juntos poderiam buscar a unidade
Em prol do sonhado crescimento
Para a harmonia desse todo,
Essência de todos os movimentos.
No vaso sanitário
Ou em qualquer lugar do universo,
Ele não era melhor do que ninguém
Ninguém era melhor do que ele,
Apenas estavam em diferentes degraus
Na igualdade Divina do caminho
Da escala evolutiva existencial.
Infelizmente tudo voltou ao normal
Quando levantou do vaso sanitário
E esqueceu sua vital insignificância
Veio com sua primitividade espiritual:
Hipocrisia, egoísmo e falsidades
Formando a miragem do desigual
Impedindo-o de vivenciar todo o tempo
Essa súbita consciência da igualdade
Despertada em um vaso sanitário
Onde por um breve momento
Prevaleceu nele a humildade.