Lenitivo

Às vezes paro e analiso

e pouco a pouco eu diviso

muito, até mais que o pensamento

e choro de nostalgia

essa dor que me angustia

e causa tanto sofrimento.

Sinto um grande sufoco

e um desejo tão louco

tomando conta de mim

e fico assim, parada

os olhos fitos no nada

um desalento sem fim.

E fico de mal com a vida

como uma ave ferida

que vive fora do ninho

essa dor da solidão

que trava o meu coração

que vive só, sem carinho.

E as lágrimas descendo

pouco a pouco vão correndo

molhando todo o meu rosto

cada lágrima que cai

é mais um sonho que se esvai

e me mata de desgosto.

E a vida analisando

fico a pensar, até quando

o meu coração aguenta

essa fibra enfraquecida

do cordão da minha vida

até que um dia arrebenta.

Só tenho por companhia

a beleza da poesia

e o reviver da lembrança

Por isso, em noites de lua

como um barco que flutua

minha rima é a esperança.

Esperança que um dia

alguém de mim lembraria

e me ajudasse na meta

de levar meu pensamento

aos corações em tormento

a alma de um poeta.

Para aliviar as dores

e proteger os amores

e estancar todo o pranto

de alguém que algum dia

perdeu a sua alegria

só por ter amado tanto

Isabel Camargo Pontes