De modelo só a propaganda
Na cidade grande é assim:
O trânsito fica enlouquecido.
O guarda quase engole o apito.
O pedestre fica perdido...
É fúria na hora do pico.
É briga no engarrafamento.
É difícil prever o fim.
Ninguém respeita o acostamento.
No “ligeirinho” há sempre confusão.
Um sempre grita: – pega ladrão!
Outro: – tira essa mão boba daí!
No centro a lei obriga pagar o “Estar”.
Para o engravatado há sempre um táxi.
Nas lombadas o “pardal” está sempre acordado...
É obrigatório bater continência para o senhor Radar.
Quem é multado perde ponto... paga caro.
No sinaleiro é comum ser assaltado.
Nas rodovias, o soberano ladrão, é o pedágio.
O motorista está sendo crucificado.
O IPVA é o cupim – o vírus do ágio...
O “DPVAT” dá nó no cérebro da democracia.
Ao povo resta-lhe o recado da sorte:
“Quem sai de casa fica à mercê da morte.”
O trânsito virou caso de polícia.
À noite a vida não demora passar.
O homem do viaduto tem sono trágico.
O bandido sai à caça para matar.
Impera a lei do poder do tráfico...
Homens-cavalos puxam suas carroças,
limpando a cidade, sonhando em voltar pra roça.
Atraídos pelo mundo moderno que encanta,
choram ao descobrir, que, de modelo, era só a propaganda.
(Texto baseado no trânsito de Curitiba/PR)