Auto Desilusão

Os versos que brotavam eram regados de inocência.

Por isso andam escassos os versos e os poemas.

A realidade tão sombria apagou a luz do verbo

A noite roubou o dia e a infância se distancia

Agora toda estrofe é uma catástrofe

E o guia de belas palavras faleceu, não ressuscitando ao terceiro dia.

Mar negro sem farol é por onde navega meu coração

Não há mais canção, nem há mais silêncio.

O tic tac é lento, venta o som do tormento da mente.

Eis perguntas que não querem calar:

Como tolos atos do corpo físico podem ferir tão profundo a alma?

Volto a ouvir calma!

Calma!

O que está errado certo estará.

Mas a dor não espera.

Ela te rouba o sono, atropela mil sentimentos.

É a dor sem dono que vaga a buscar morada

Encontra no seu peito, pousada ou casa própria?

Falta-te a borracha do tempo que limpa a linha e recria o filme.

Os versos voltam a chamar aquela rosa,

Estão a pedir que devolva sua rima, seu verbo, sua prosa.