MULHER FRACA
MULHER FRACA
Quantas vezes eu já tentei
encontrar dentro de mim o que eu fui
uma esperança que fosse para seguir
tu não sabes somente eu sei...
Já suportei tanto sofrimento
carreguei dores que não eram somente minhas
e meu maior ressentimento
é ter suportado este peso, sozinha
Meu corpo foi vencido pelo cansaço
minhas forças se entregaram completamente
hoje assumo, sou um fracasso
uma mulher que se anula passivamente
Cansei de me pintar para a vida
mascarar a dor, esboçando um sorriso
mas a transparência das feridas
não escondem o que é preciso
Não mais tenho forças para brigar
desisto de encarar este mundo impiedoso
que tantas vezes me fez acreditar
que o renascer é sempre precioso
Não encontro nenhuma razão especial
para valer todo esforço em não me entregar
se existe no mundo alguma dor que seja igual
que a vida se encarregue de me mostrar
Pois a dor que carrego comigo há anos
adormece e acorda ao meu lado
como tentar construir planos
com um coração já sepultado
Já fui forte, mulher de raça
hoje fujo da luta, me escondo
não me envergonho, sou passado, sou fumaça
que nem a mais suave chama, já não respondo
Não, já não depende da minha vontade
este quase viver a morrer de desgosto
quem me conheceu, sabe da minha verdade
basta ver as marcas da dor, estampada em meu rosto
Sou sim, uma mulher fraca, vencida
desiludida com a sua triste sorte
não mais quero fingir, renego esta vida
e nos braços da morte, talvez eu seja mais forte...
Célia Jardim