Sem título.

Jogar no papel o que se sente

É como tornar material aquilo que é tão abstrato

E ao mesmo tempo tão real.

É preciso viver mais...

Não projetar nos outros o que a mente fértil

Produz com antecedência ávida.

Não subestimar a capacidade de os outros serem felizes...

Mesmo que a felicidade para você pareça estar distante...

Muito distante.

Não esperar dos outros aquilo que eles não podem nos dar...

Não fantasiar histórias como se a vida fosse uma história em quadrinhos, uma novela melodramática ou um filme romântico.

Não se deixar iludir...

Não iludir porque esse é um passo para a própria ilusão...

Não nomear algo antes de ter noção do que esse algo representa

Ou melhor...

Não dar nome às coisas e sim senti-las...

É melhor continuar vivendo...

Sem nomes.

Sem donos.

Sem títulos.

Ângela Pereira.

Em cinzas...

25 de fevereiro de 2009.