AMOR INÚTIL

Queria ser capaz de ver a vida sem te ver;

E o teu pedido atender sem ter que afligir meu coração;

Quisera acatar a tua petição e ser capaz de te esquecer;

De nunca mais te ouvir e nem poder te ver, assimilar essa separação!

Seria bem mais fácil se tu não fosses quem pra mim tu és;

Se ao invés desse encanto infinito, eu te julgasse um ser comum;

Mas tua ausência é forçoso jejum, como as letras abortadas dos cordéis;

É desarmar os meus quartéis e me obrigar a guerrear sem exército nenhum!

Eu não sabia que tu eras diferente dentre as tantas que já encontrei;

Nada fizeste e nada te dei, mas mesmo assim tão incomum eu já te via;

Como se há muito tempo já conhecia, como se desde sempre te amei;

Razões que nunca te expliquei por suspeitar que assim te perderia!

E agora eu me vejo perdido e abatido na imensidão desse vazio;

Por dentro um rigoroso frio, por fora o teatro que te finge esquecer;

Eu só queria te dizer que o meu céu ficou escuro após a fuga de teu brilho;

E já que sou teu empecilho, calado engulo esse inútil bem querer!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/02/2009
Reeditado em 26/02/2009
Código do texto: T1455343
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