AMOR INÚTIL
Queria ser capaz de ver a vida sem te ver;
E o teu pedido atender sem ter que afligir meu coração;
Quisera acatar a tua petição e ser capaz de te esquecer;
De nunca mais te ouvir e nem poder te ver, assimilar essa separação!
Seria bem mais fácil se tu não fosses quem pra mim tu és;
Se ao invés desse encanto infinito, eu te julgasse um ser comum;
Mas tua ausência é forçoso jejum, como as letras abortadas dos cordéis;
É desarmar os meus quartéis e me obrigar a guerrear sem exército nenhum!
Eu não sabia que tu eras diferente dentre as tantas que já encontrei;
Nada fizeste e nada te dei, mas mesmo assim tão incomum eu já te via;
Como se há muito tempo já conhecia, como se desde sempre te amei;
Razões que nunca te expliquei por suspeitar que assim te perderia!
E agora eu me vejo perdido e abatido na imensidão desse vazio;
Por dentro um rigoroso frio, por fora o teatro que te finge esquecer;
Eu só queria te dizer que o meu céu ficou escuro após a fuga de teu brilho;
E já que sou teu empecilho, calado engulo esse inútil bem querer!