ALMA ATORMENTADA

Entrego-te minh’alma,
como quem entrega
todo o sonho de uma vida,
na incessante busca,
da inocência perdida,
a qual através de nós
partiu em disparada,
na fria madrugada
que restou orvalhada,
pelo sereno da noite
a ela despendida.

Noite esta
que abriga insolente,
recônditos medos,
que se entrelaçam dementes,
em intermináveis pugnas
que destroem tudo,
que se procurou preservar.
Embora mudo,
ficou apenas aquele
que escondido se prostrou,
frente à nova realidade,
e solitário soçobrou,
com seu espírito benevolente,
nas perdidas profundezas
do seu próprio inconsciente.

Marco orsi