Sobre a pele
"Quando estás vestidas,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas."
Manuel Bandeira
Nua, você parece a palavra final que se usaria para escrever perfeição.
Deitada na cama, como concha, dormindo com o sonhar com anjos, seu corpo mostra-se puro, como puro é o desejo que tenho de acarinhá-lo somente para guardar o registro de sua tez.
Suas curvas são divinas, arquitetônicas, de Niemeyer, bem brasiliense...
Nua, você me recorda a brisa suave tocando no rosto, trazendo consigo alento, recuperação, suavidade, alívio.
E na contemplação de sua nudez de fada, enlevo-me e perco-me em meio a sonhos... lutando para permanecer ali, presente, diante da mais bela das visões. Olhando bem de perto o invisível, o intocável, a mais protegida fortaleza, a mais virgem das florestas, o mais inóspito dos lugares.
Nua, vejo os montes erigidos pela eternidade, percorro os campos e cerrados, desliso em pura seda, cheiro de pêssego, sabor de avelã.
Se vejo estrelas, sacudo a cabeça para não anoitecer e assim perder esta agora minha lua - tão serena, tão querida, tão bonita, tão cheia.
Provo do mel, lambuzo-me de néctar, viajo a Marte, alfa-centauro, ômega 3 para não infartar...
Nua, você é mais bela que os anjos, e mais suave do que ar. De concepção mais esplêndida que o próprio sol.
Como se fosse possível fazer uma estátua que representasse o farfalhar das asas de uma borboleta... assim você é, nua.
Nua, você é tal como hoje está: ideal... pura e simplesmente e tão somente... ideal.