EU ,CÂMERA...

Vou levando a tiracolo

Clicando nas direções

A imagem é meu dolo

Os filmes, revelações.

Penetro olhares estáticos

Com indiscreta inquietude

Do por que dos obstáculos

Que lhes mudam as atitudes.

Ao focar nos seus rostos

Seus olhares não me negam:

-Não são rugas seus desgostos

São as fugas que lhes cegam.

Fogem dos amores e lidas,

Dos atos e seus temores,

Das dores há muito idas...

São suas fotos incolores.

Ninguém quer ser natural

Quando posa p’rum retrato

O que terá de anormal

Mostrar o que se é de fato?

O diafragma se contrai

E velozmente dispara

E quando a revelação sai

Vejo a face de outra cara.

No objeto de uma foto

Por milagres eu apelo

Ao revelar, outro noto,

Mas a verdade, não revelo.

Em alguns quase acredito

Pelas suas ousadias

Mas não os vejo tão bonitos

Quando as buscam noutro dia.

Também tenho ilusões

Quando a minha lente eu fito

Por que nas revelações

O meu outro é mais bonito?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 11/02/2009
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