Insípidas sensações

Frustra-nos o despertar de um longo sonho,

onde o sol da vida brilhava intensamente,

caminhamos juntos em solenes fantasias,

mergulhamos em oceanos muito profundos.

Semeamos sementes da existência partilhada,

vivemos no divã de nossos projetos e promessas,

de repente, vimos cerceadas nossas aspirações:

sensação de estarmos sendo extirpados do jardim.

Sentimos desvanecerem as nossas emoções,

onde depositamos a plataforma de nossos ideais,

uma sombra inóspita desaba sobre nossa alma,

o sonho acabou, necessitamos reaver a realidade.

Do ensolarado jardim restam os estilhaços da relva,

o deslumbrante amarelo não tem mais a mesma cor,

agora, apenas sombras e espelhos nos acompanham,

não partilhamos mais aquela harmoniosa cumplicidade.

Subimos colinas e as descemos, nada na ida, ou na volta,

o silêncio da alma parece vagar pelo insípido espaço sideral,

tudo passou, ou acabou, sem a percepção lógica do tempo,

qual a moldura deste quadro senão a rígida arquitetura urbana?

Harock
Enviado por Harock em 11/02/2009
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T1432967
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