Insípidas sensações
Frustra-nos o despertar de um longo sonho,
onde o sol da vida brilhava intensamente,
caminhamos juntos em solenes fantasias,
mergulhamos em oceanos muito profundos.
Semeamos sementes da existência partilhada,
vivemos no divã de nossos projetos e promessas,
de repente, vimos cerceadas nossas aspirações:
sensação de estarmos sendo extirpados do jardim.
Sentimos desvanecerem as nossas emoções,
onde depositamos a plataforma de nossos ideais,
uma sombra inóspita desaba sobre nossa alma,
o sonho acabou, necessitamos reaver a realidade.
Do ensolarado jardim restam os estilhaços da relva,
o deslumbrante amarelo não tem mais a mesma cor,
agora, apenas sombras e espelhos nos acompanham,
não partilhamos mais aquela harmoniosa cumplicidade.
Subimos colinas e as descemos, nada na ida, ou na volta,
o silêncio da alma parece vagar pelo insípido espaço sideral,
tudo passou, ou acabou, sem a percepção lógica do tempo,
qual a moldura deste quadro senão a rígida arquitetura urbana?