LAMENTOS DE UMA TRISTE MULHER

Ela era linda, seus olhos; parecia que o mar tinha emprestado seu brilho azul, chamava a atenção de todos ao seu redor, talvez fosse modelo, lindos pés pequenos se apertavam em saltos altos, sua boca bem desenhada destacava seu batom que preenchia os lábios carnudos daquela alta mulher deslumbrante, sua pele sedosa refletia o sol branco reluzente em suas mãos delicadas, seu corpo torneava-se uma linda mulher fascinante e vistosa.

Caminhava a passos lentos, não tinha pressa alguma de chegar, observava a tudo: pássaros cantando, crianças correndo, pessoas namorando, ela percebia que todos estavam felizes, mais ela não, por dentro ela chorava lagrimas silenciosas que corroíam seu ser, ela não queria andar, ela queria desaparecer, ela queria apenas que alguém a compreendesse como realmente ela é, e não como os outro a viam, ao contrario de muitos ela queria ser apenas mais uma no meio da multidão, ela queria apenas uma amizade sincera que escutasse seus lamentos, suas dores e alegrias, ela queria alguém lhe fizesse um carinho verdadeiro sem intenções secundarias, ela queria um ombro amigo pra chorar, ou talvez uma amiga de infância que pudesse relembrar momentos, momentos esses que não existia até então e que jamais existirão porque não tinha ninguém para ouvi-la.

Nem mesmo a esperança havia lhe restado, mais por quê? Se todos lhe tratavam excessivamente bem, suas comodidades e futilidades de mulher eram imediatamente acatadas, e atendidas quase que instantaneamente, se sua vida era como muitos desejavam ter, por quê? Se todas as mulheres queriam ser iguais a ela, e todos os homens a queriam, mais ela não queria escolher nenhum homem, ela queria que o seu coração escolhesse, mais como? Talvez por ela ser exigente demais, ela não queria ninguém que fosse apenas bonito, meu Deus, ela apenas queria ser compreendida, ela queria um homem que ao acordar falasse que a ama, que entendesse os dias em que o calendário fica vermelho, que tomasse conta da situação, que aquecesse nos dias de frio, que lhe trouxesse flores. Mais nunca em sua vida ela iria ter, ela tinha se alto condenada a viver sofrendo pra sempre na solidão e sozinha ela angustiava por alguém que estendesse a mão, quem sabe um príncipe em um cavalo branco que a salvaria, mais ela estava cansada de fantasias também, a espera por dias melhores havia acabado, o mundo real é bem diferente e ela sabia muito bem disso.

Oh vago mundo de pessoas normais, pessoas felizes, pessoas estranhas e desconhecidas, mundo cruel de pessoas más, corruptas, e permeáveis. Súplicas frívolas ao vento, quem escuta-la? A areia da praia marcada pelas pegadas pequenas de um alinhado andar padronizado ou talvez a salgada água do mar que começa a molhar os pés sensíveis e pequenos. O vento joga seus cabelos longos e lisos num fatídico compasso lento de notas lentas, talvez ela escute vozes, pode ser as ondas, pode ser também sua consciência cansada de fazer o que é certo e indicando o caminho a seguir, mas, será que tem volta esse caminho? Frio sentiu quando aquela gélida água daquele belo entardecer ventoso tocou suas mãos, parou um pouco, mas sem olhar pra trás, do mundo ela só queria ter a lembrança de um dia ter nascido, sem pedir, nem ao menos ter o privilégio de escolher família, continuou andando.

Um filme passa em sua mente, momentos alegres e tristes dividem sua cabeça, essas seriam as ultimas lembranças que tivera em si, pois o mundo não existe mais pra ela, o que outrora seria solução virou problema agora, talvez ela tenha feito a escolha certa, única de sua vida, mais não tinha volta, arrependimento agora é tarde, nem precisou porque ela não se arrependeu.