MEDO DE PARTIR

O medo de se ter o desprezo somente

O apreço perdido veemente

É tão grande ou maior

Do que o próprio medo

De ficar isolado

Num mundo

Que eu mesmo criei

E que agora não consigo sair

Porque nem ao certo sei

Como foi que ali entrei

O medo é este que eu vejo

É aquele que eu sinto

É tudo aquilo que eu finjo

É todo e tão somente meu finco

O medo daquilo que não sei

Porque nem ao mesmo conheço a mim

Quanto mais, conhecer a ti

O qual agora desvanece, me evita

Com o intuito somente de ver

Que o tempo foi tudo o que restou

Agora para eu ter

Abandonado, ferido

Vou perambulando, as vezes caído

Pedindo que a vida

Seja generosa

E que o presente se torne não mais futuro

Porque do que tenho nada vale

Senão um suspiro

Um alívio

Dos ventos do paraíso

Que agora sinto

Na brisa, em um sussurro

Seduzindo meu instinto

Em direção ao infinito

E agora sei que tenho

Um paradeiro

Um final

Para contar a história

Ou a estória

Pois a verdade revela tudo

O que um dia não imaginei

Não criei para mim

Nesta breve passagem

Senti firmemente o peso da vida

E como pesa saber

Que daqui

Nada levei