MEA CULPA
De ti sou a única causa
Dos vícios e das caídas
Das crises na menopausa
Das coisas não resolvidas.
Sou parte do teu desatino
A mácula das iras e fugas
Um quase homem menino
A culpas das tuas rugas.
O começo da tua irritação
De uma causa descabida
O reinício duma discussão
Há muito já resolvida.
A flacidez dos teus seios
Da tua face ressequida
O motivo de todos enleios
Insistentes na tua vida.
As varicoceles e celulites
Que te levam às massagens
As enxaquecas e flebites
E o desbote da tua imagem.
O estreitamento do vestido
Que não passa na cintura
A culpa do bumbum caído
De tudo o que não tem cura.
Sou a reserva periférica
Da cintura reta e do pneu
Sou a tua centelha colérica
Teu mau humor sou só eu.
Sou vilão, mais que marido
Extrator da tua exuberância
Sou o teu tempo perdido
Impostor e sem importância.
És mulher, e só isso explica
Ademais, te sobra beleza
Tudo o que em ti se complica
É culpa minha e da natureza.