AS PALAVRAS E A MENTIRA
As palavras levam meus ais
Que brotam em minha face
Molhando minha estrada,
Com o vento, a chuva, o frio....
São sinais de tristes temporais
Que o tempo impiedosamente
Vem soprando, preparando o disfarce
Na vã tentativa de ocultar uma dura realidade.
As palavras se aproximam, lentamente
Trazidas por um ser amedrontado
Arredio, confuso, vencido, cansado
Que sentindo-se derrotado,
Vem mentindo, serenamente. Fingindo
Perdido no emaranhado
De seu destino apressado. Amputado.
Porque não alcança alguma pura verdade
Diante do brilho da falsidade.
As palavras são abrigo
Um auxílio, e também o castigo
Morrem agora em meu peito vazio
No túmulo da solidão de meu sorriso.
Mas sinceramente
Acreditar na frágil roda de sua vida
E girar com você, é sofrer com ela.
Ai! Parece que é preciso
Para não silenciar a voz que agora implora
E na dor da dúvida, chora.
Aperto as mãos sobre o peito
Para que o meu amor por você, não fuja,
Para que o meu sentido, de você, não se perca
Em algum ponto escuro, obscuro.
Me esforço para conter a ira
E não arrancá-lo feito um câncro nocivo
De dentro do meu coração
Que ainda acredita estar vivo.
Mas somente as palavras molhadas
Percebem a razão e silenciam.