AMOR, ETERNO AMOR...

Lembranças...

Em ondas me alcançam,

suaves como o tocar da brisa

na pele ardente do sol de meio-dia.

Fortes como a certeza perdida

nas vias de páginas brancas,

onde a quimera por tantas vezes me dominou...

E reinou como a mais poderosa das vestais!

Busco em teus olhos a doçura e a confiança

dos tempos antigos.

Mas, as luzes do escárnio faíscam impiedosamente.

Teu sorriso parece o mesmo.

Tua mente parece à mesma.

Tua face parece à mesma.

Porém, nem tudo o que parece é

e nem tudo o que é parece ser.

As ondas me atormentam

com o gosto da paixão

que aperta meu estômago,

provoca cirrose em meu coração

e azia em meus olhos mareados...

Desesperadamente, entre um mar de palhas,

busco um fio finíssimo que eu possa plugar

numa rede de energia capaz de dar luz às trevas

desse inferno, no qual veementemente rejeito acreditar...

E não encontro nada... Nada, nada!

Ainda como náufrago, em fortes braçadas,

como quem busca o ar e a terra firme, retorno

às quimeras. Pois quem sabe em outras eras as sensações

não precisem mais ser explicadas?

E das esperas e dos cansaços,

das preocupações e dos abraços

surgem caminhos e carinhos nas palavras

que, em inexplicável ternura, debatem-se ainda contra a amargura.

Até que o cantar dos pássaros invadem os ouvidos moucos,

num bater asas diante de olhos cegos que vão tentando aos poucos,

libertarem-se de grilhões, parafusos e pregos

que escravizam alma que independente do que ocorra

e ainda que viva morra, nunca mais tornará a voar...

Se o amor existe? Não nego.

Mas, nem por isso quem ama precisa ser cego.

Porque quem ama, sente essa emoção

com a cabeça erguida. Ainda que com

a alma ferida, jamais tire os pés do chão.

Tânia Regina Voigt
Enviado por Tânia Regina Voigt em 26/01/2009
Reeditado em 14/04/2009
Código do texto: T1405551
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