AMOR, ETERNO AMOR...
Lembranças...
Em ondas me alcançam,
suaves como o tocar da brisa
na pele ardente do sol de meio-dia.
Fortes como a certeza perdida
nas vias de páginas brancas,
onde a quimera por tantas vezes me dominou...
E reinou como a mais poderosa das vestais!
Busco em teus olhos a doçura e a confiança
dos tempos antigos.
Mas, as luzes do escárnio faíscam impiedosamente.
Teu sorriso parece o mesmo.
Tua mente parece à mesma.
Tua face parece à mesma.
Porém, nem tudo o que parece é
e nem tudo o que é parece ser.
As ondas me atormentam
com o gosto da paixão
que aperta meu estômago,
provoca cirrose em meu coração
e azia em meus olhos mareados...
Desesperadamente, entre um mar de palhas,
busco um fio finíssimo que eu possa plugar
numa rede de energia capaz de dar luz às trevas
desse inferno, no qual veementemente rejeito acreditar...
E não encontro nada... Nada, nada!
Ainda como náufrago, em fortes braçadas,
como quem busca o ar e a terra firme, retorno
às quimeras. Pois quem sabe em outras eras as sensações
não precisem mais ser explicadas?
E das esperas e dos cansaços,
das preocupações e dos abraços
surgem caminhos e carinhos nas palavras
que, em inexplicável ternura, debatem-se ainda contra a amargura.
Até que o cantar dos pássaros invadem os ouvidos moucos,
num bater asas diante de olhos cegos que vão tentando aos poucos,
libertarem-se de grilhões, parafusos e pregos
que escravizam alma que independente do que ocorra
e ainda que viva morra, nunca mais tornará a voar...
Se o amor existe? Não nego.
Mas, nem por isso quem ama precisa ser cego.
Porque quem ama, sente essa emoção
com a cabeça erguida. Ainda que com
a alma ferida, jamais tire os pés do chão.