ANACRONISMO

Revisitando algumas palavras

As que escrevi

E as que não

As que li

E as que não

Reencontro velhas dores

As que senti

E as que não

As que vivi

E as que não

Relembro-me de alguns conselhos

Os que ouvi

E os que não

Os que segui

E os que não

Assim,

Apago e acendo

A luz de meu quarto

E os rabiscos do teto

Ainda são os mesmos

De minha infância

De minha mocidade

Implacavelmente os mesmos

Anacronismo que me persegue

Numa inutilidade impecavel

De um viver inútil, descabido

Desconcertante, desenxabido

Nesse vagaroso morrer

Lento morrer que não me mata

Que corroi e não consome

Que desgasta e não destrói

Lenta mó que não me moi

Volto-me para o espelho

No afã de ver o meu rosto

Não o reposto; O verdadeiro

E o espectro do absurdo

Como um retrato mal focado

Delineia a minha face

Face ao exposto

Imposto pelo tempo e pela dor

Deixo-me jogar-me ao chão

Jogo o jogo da vida

Jogo assim, minha vida

Quebro a casca do ovo

Jogo o jogo de novo.

Jose Raymundo Xavier
Enviado por Jose Raymundo Xavier em 25/01/2009
Reeditado em 23/03/2009
Código do texto: T1403660
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