A CAMA
Aquela que acama
E nos une...
Hoje parece-me afastar.
Coloca entre nós transtornos,
Desculpas e birras,
Problemas de revirar...
A cama que outrora singia,
Singia-nos,deixando sem ar,
Hoje parece-me insana
Deixando-te do lado de lá.
Ó cama! Por que a entorpeces
Em posição tão singular,
Se antes a tinha comigo
Sentindo seu respirar?
E como dormíamos tranquilos,
Satisfeitos por nos acamar,
Unindo semblantes e desejos
No êxtase mais salutar...
E hoje, ó cama, deserda-me
Em noite fria a escrevinhar,
O que te fiz ou a ela, responda?
Por que me queres castigar?
E tu, ingrata...
Por que não me acamas mais,
Se a ti rendi-me insano
Fazendo de ti meu estar,
Tornando-te confidente
E cúmplice, a esperar,
De tantos embates loucos
O clímax a te gratificar.
Ó cama insana!
Acamai em ti
Essa sanha
Que assanha
A ânsia...
E a mim angustia.
Singe-nos...
De modo plural,
instigando...
Em teu gostosa calor,
A chama de outrora,
De loucas e ardentes horas
Nesse dionísico
Ménage a trois...