RESIGNAÇÃO
Tânia Ailene
Eu queria um segundo...
bem no fundo do meu eu
sem os porquês?
Recebendo tudo que me impõe,
sem a revolta que toma conta
ou essa lágrima que insiste em verter
pelos cantos do desconsolo...
Essa mancha de desilusão,
mágoa, saudade
ou bem sei lá o que dizer,
se me calo diante de fatos
e acontecimentos...
Consolo,
colo,
carinhos,
nada serve
a dor da inconstante falta de aceitação
da vida multiplicada pelos erros e acertos
renúncia de direitos...
Pela lente do esquecimento
tento ver estrelas no céu nublado
na incessante falta do tentar
fazer explicar que dentro grita
o não suportar a tentativa...
Espantalhos de delírios
necessidades constantes de uma vida
passada a limpo
sem verdades do inconsciente...
Ofende,
dói,
no espelho não me vejo.
Uma mancha de sangue
querendo a saudade
de um sofrimento
com resignação...
Eu existo?
Para que?
Porquê?
Onde?
Qual a saída, para perguntas?
Enlouquecida estou...
Cada vez mais distantes
as respostas
falta de tempo
o poder chorar,
lembranças vividas
mal resolvidas,
a fé acabando,
nada adianta ouvir:
Você está bem?
Quer se abrir?
Até quando não sei?
Aí morrerei sem respostas
com certezas dentro de mim.
Só queria poder...