ARLEQUIM MORIBUNDO
Nessa roupa colorida,
nessa boca exagerada,
dessa vida corroída,
surge a face mascarada.
No picadeiro gigante
desse palco iluminado,
atua um ser vagante
vida em colcha de retalhos.
Entre cores, sons e formas,
luzes, saltos, gargalhadas,
entre laços, nós e normas,
há figuras desbotadas.
Entre trapos e farrapos,
escolher o certou ou o errado,
cessam discursos fanados,
seca o oásis do deserto.
E os olhos cegos do arlequim
que tem brilho disfarçado,
chora fel em tom carmim,
não esconde todo cansaço.
Foi negado seu alimento,
lábios cerrados, mordaça.
Dignidade... Apresaram,
sua alegria é pura farsa.