ARLEQUIM MORIBUNDO

Nessa roupa colorida,

nessa boca exagerada,

dessa vida corroída,

surge a face mascarada.

No picadeiro gigante

desse palco iluminado,

atua um ser vagante

vida em colcha de retalhos.

Entre cores, sons e formas,

luzes, saltos, gargalhadas,

entre laços, nós e normas,

há figuras desbotadas.

Entre trapos e farrapos,

escolher o certou ou o errado,

cessam discursos fanados,

seca o oásis do deserto.

E os olhos cegos do arlequim

que tem brilho disfarçado,

chora fel em tom carmim,

não esconde todo cansaço.

Foi negado seu alimento,

lábios cerrados, mordaça.

Dignidade... Apresaram,

sua alegria é pura farsa.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 08/01/2009
Reeditado em 08/01/2009
Código do texto: T1374020
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