O dia em que resolvi tornar-me pássaro

Eu quis ser pássaro e voar no céu azul

Vi o mito vermelho

pendurado no verde da ramagem

Era apenas uma flor.

O azul era tão imenso...

Trêmula saí

meio cambaleante

Um forte indeciso

Cerrei os dentes

Engoli a saliva

e tinha os pulsos apertados

Dei meia-volta

contemplei meu passado:

sonhos, dores,

dores, sonhos

Havia uma pequena lágrima enclausurada

no canto do nariz.

Uma pluma passageira

Mas, dor, dor, dor

Tudo pouco poético,

E pensar que eu julgara poesia...

(A vida é uma grande embusteira.)

Somos todos seres amargos

numa vã tentativa de adoçar as coisas

com um açúcar insolúvel