A PALAVRA ANDA MADURA
A Palavra madura
é ferrugem
e silêncio ditado do tempo
desordem transformada em desalento
na falta de jeito sem forma ou acaso
como a palavra sentimento
de túnica e sombra
manto de enigmas
um amor conquistado
ardentemente doce convulsão e procura
de pálpebras aéreas em algum lugar do mundo
palavras de choro e hora grave
memória para convenção irônica ao livre desenho
alarde na parede forrada
de papelão e tinta
o perfil da esfinge cansada
ressoando antigo cântico de alegria
o torpor do louvor
talvez com uma rima lírica
dilemas complexos em cotidianas conversas
essa voz do delírio beijando a clarividência
fecunda na serenidade das horas
a lucidez ideal que o sono alcança
da intensidade dos sentidos aos mistérios de códigos e cifras
ascendendo lentamente na claridade tenebrosa
a ferida em carne viva esfacelada
que teus passos deram no sangue pisado
desta sandália desgastada.