Não Posso ficar
Não Posso Ficar.
Tempo por quê está agindo assim?
Por quê brincas comigo desse jeito?
Como se não se lembrasse de mim
Mas, maltrata-me, ferindo meu peito.
Foge de mim desesperadamente.
Desvia as horas encurtando o dia.
Sufoca-me, em minutos pendentes,
Do final de noite, amargamente vazia.
Por que ages como se não se lembrasse
Das horas que juntos unidos passamos?
Como se fosse um eterno desenlace
Desse amor que juntos cultivamos.
Já não corre mas, alça as asas e voa,
Planando numa dimensão atemporal.
Segues em frente, mas o sino ressoa,
Marcando as horas como num ritual.
Na saudade, é constante comigo.
Não me deixa esquecer, jamais!
Persiste, infiltra-se, em meu ego,
Com pequeninas coisas banais.
Tudo se repete, sempre está presente.
Querendo ou não, faz parte de mim.
Percebo isso quando me olho no espelho.
Suas marcas presentes, esculpidas assim,
São a realidade do entardecer onisciente.
Quem me dera eu tivesse um abrigo.
Quem me dera fosses meu amigo.
Deixando-me estar eternamente contigo.
Quem me dera mas..., não me deixas ficar!
Ester Machado Endo