MÍDIA
Uma nódoa povoa negra
As lápides que habitam
Os corpos daqueles
Que com lágrimas governam
Os cometas.
Nem uma coca gelada ou
Um pó de coca-cola esponjosa
Atenuam a sinuosa tristeza
Que minha boca fantasia.
Nem as rosas de maio
Que falsas,
Plastificadas no humus da
Insensatez,
Brotam desse canteiro
Fabricante de toda essa dor.
E esses detergentes
Que nos lavam os olhos
E os ouvidos pela TV
Não permitem
Que essa sujeira
Ancorada no peito
Dos homens de "boa vontade"
Participem de nossa
Realidade conflitante.
Se bebo ou fumo
Se me visto na Toulon
Agradeço a essa máquina
De vida entorpecente,
Que me poupa do direito
De pensar
E me proíbe o dupli-pensar.
Prefiro andar de ônibus
A curtir um "fusca zerinho"
E misturar-me ao povão
E sentir-lhes o mau-cheiro,
Pois , vejam vocês,
O meu desodorante
Não me deixa na mão
Antes das seis!
E assim convivo
Com massas e tomates
Lubrificantes
Calcinhas , cuecas e
Camisinhas,
Filmes, novelas
E um noticiário
Que me promete em cores,
Melhores dias, primaveras floridas,
E boas colheitas
Para essa alma aflita
E faminta de
Justiça.