O TEU AMOR É FALÁCIA
Engano cego é esse que se estriba no teatro em que atua;
Uma verdade pode ser vista nua até quando trajada de encenações;
Não pensem tuas maquinações que meu olhar passeia pela rua;
Pois vejo tua leviandade mais crua, mesmo escondida noutras feições!
Teus lábios dizem que me amam, mas teu olhar é sequioso e distante;
Sou figuração de tua estante, mas nunca fui e nem serei teu lar;
Te é conveniente comigo estar, não me contemplas como amado ou como amante;
Até tua proximidade é apartante e mesmo o teu abraço é gelo a me enlaçar!
São muitos artifícios, diversos argumentos em justificativa;
Mas tua alma é fugitiva, quando meu corpo se achega junto ao teu;
Se algo não te doeu, fabricas um debate que te serve de saída;
Mais uma noite mal dormida ao lado de uma vida que a mim nunca pertenceu!
E nessa pantomima, eu finjo esperança, tu finges que me ama;
Um palco em plena cama, um luto palhaço maquiado de alegria;
Perante o mundo um exemplo de parceria, jardim envolto em lama;
Tua farsa não me engana e só agrava minha agonia!