O TEU AMOR É FALÁCIA

Engano cego é esse que se estriba no teatro em que atua;

Uma verdade pode ser vista nua até quando trajada de encenações;

Não pensem tuas maquinações que meu olhar passeia pela rua;

Pois vejo tua leviandade mais crua, mesmo escondida noutras feições!

Teus lábios dizem que me amam, mas teu olhar é sequioso e distante;

Sou figuração de tua estante, mas nunca fui e nem serei teu lar;

Te é conveniente comigo estar, não me contemplas como amado ou como amante;

Até tua proximidade é apartante e mesmo o teu abraço é gelo a me enlaçar!

São muitos artifícios, diversos argumentos em justificativa;

Mas tua alma é fugitiva, quando meu corpo se achega junto ao teu;

Se algo não te doeu, fabricas um debate que te serve de saída;

Mais uma noite mal dormida ao lado de uma vida que a mim nunca pertenceu!

E nessa pantomima, eu finjo esperança, tu finges que me ama;

Um palco em plena cama, um luto palhaço maquiado de alegria;

Perante o mundo um exemplo de parceria, jardim envolto em lama;

Tua farsa não me engana e só agrava minha agonia!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/12/2008
Reeditado em 11/12/2008
Código do texto: T1329646
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