CUANDO YO AMABA CAMINNAR POR LAS CALLES DEL TIEMPO

CUANDO YO AMABA CAMINNAR POR LAS CALLES DEL TIEMPO

Devo acreditar que assim que me depreendi como pessoa,

De imediato, soube ser minha sina trilhar

A estrada da vida sem companhia alguma

Senão toda, ao menos, boa parte dela. Afinal, percebi ser a dama

Dos moinhos que geram e impulsionam o vazio

A única companheira de que disporia para chegar ao crepúsculo Do caminho.

Sim, a sofreguidão do meu pessimismo tanto almejou

Que cá com ela estou cerzido.

No entanto, não, não foi ela a quem o meu ente quis.

Não, antes ansiava integrar-me á expansiva realidade que paira

Sobre o céu dos medíocres e, muito profusa e irregularmente,

Sobre a celeste abóboda dos corpos primários:

Os quais se põem tão próximos e distantes dos rebentos

Do anonimato quanto possa a sua vontade de magnos astros.

Não, apesar de sempre estar cônscio de sê-lo,

Nunca, verdadeiramente, fui um inane corpo opaco ao sabor do

Quase gélido vento como o sou nestes últimos dois anos, nestes Últimos vinte quatro meses, nestas não muito longínquas e quase Incontáveis semanas,

Nestes derradeiros dias, neste exato momento!

Quão temerário eu era quando batia pé-firme ao afirmar

Sê-lo. Na verdade, a luz da vacuidade jamais me tocou,

Pungentemente, o peito como neste conciso instante

Em que, não sei se injustamente, ressoa em meus pensamentos

A palavra odiento. Não, é drama meu, com a toda certeza, eu o Creio.

Mas, de todo modo, a rajada de ar frio que roçagava meu rosto

Era inócua poeira dispersa, grão de areia de um arrogante

Abstracionismo egoísta e mau profeta.

Agora, contudo, a flor do vácuo se faz tátil e cruelmente

Concreta. Ela, engolfada em córregos intermináveis de ausência,

Pontua-me soberanamente a imprevisível malha

Viária da existência:

Na verdade, as três dimensões da sala de casa:

Teto, parede e chão. Sim, estes nichos representam

a tridimensionalidade da dolência que aporta na mente minha

E no meu coração.

Enfim, me dissolvo na manhã que o ocaso leva.

Sou feto quando o dia o sol enceta.

Renasço e viro homem ao agarrar horizontes novos

Sem jamais olvidar a importância daqueles que me formam

Ou dos que outrora me moldaram arco-íris teimoso.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 10/12/2008
Código do texto: T1327888
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