O ÚLTIMO CAMINHO
Me sinto desesperadamente perdido.
E não recordo-me de um dia ter me sentido assim.
Não sei o que fazer, nem para onde olhar.
Eu nunca me senti tão profundamente e fatalmente triste assim.
É como se eu não existisse mais.
É como se somente tivesse restado a dor.
Tudo em mim se foi...
A arte que tanto amava e que me definia como ser humano,
Minhas paixões que supriam minha solidão.
Hoje quando caminho pelas ruas eu vejo que tornei-me invisível para todos.
Eu não existo mais.
É revoltante ter que admitir que a única época em que fui feliz foi com ela.
Que naquela época cheguei a desistir de meus sonhos
Toda aquela felicidade foi uma mentira e nem meus sonhos restaram para me manterem erguido.
Não sei o que faço aqui...
Isolado pelo mundo, invisível para todos, cheio de sofrimento com um cálice que transborda.
Não há uma manhã que eu não ore para estar morto em súplicas ao léu.
Não se quer alma viva pra ouvir meu lamento
Não há ninguém para segurar a minha mão ou puxar o gatilho com a arma contra minha cabeça.
Não há mais nada, não há mais ninguém, não há mais caminho ou precipício.
Não há mais lágrimas, nem amigos, nem estranhos.
Existe somente a covardia que não me permite cometer o único ato corajoso que pode salvar-me.
A única verdadeira saída
A única porta aberta
O último caminho de um homem que não tem mais nada a perder.