Poema da madrugada.
Sabe o que não é ter mais sonhos?
De não saber o que fará no dia seguinte?
De deitar somente pelas madrugadas e ouvir... E sentir... E ser somente silêncio?
Sabe qual é a sensação de não ter para onde ir, de onde partir?
De não ter ninguém?
Sabe como é se sentir velho e completamente inútil aos trinta e poucos anos?
Sabe do que estou falando?
Do que estou sentindo?
Sabe como é para mente de alguém saber que jamais terá um lugar, um sentido, que nada será além do que sou?
Sabe o quanto é terrível ser o que sou?
Será que alguém sabe como é estar triste demais para permanecer acordado ou conseguir dormir?
Eu sei.
Ah... Como eu sei.
Sei o que a solidão pode matar em você.
Sei da intensidade de uma vida sem vida.
De não ter nem para onde olhar.
Já sentiu tanta tristeza a ponto de não conseguir comer, falar, nem de se mover?
Sabe como é chegar ao ponto do sexo perder qualquer importância?
De tudo perder importância?
Não restou muito de mim agora.
Na verdade não sei o que restou.
Na verdade... Creio que nada restou.