O caminhante
Tenho sede
as pálpebras estão pesadas
minha boca ressecada
meus castelos apenas pó no chão ficaram,
tudo pela certeza
severa, plausível do amor
eros, agápe, filia,
meus olhos navegam na diferença
destes sentimentos,
quando me deixaste
muito chorei por tuas saudades
longos anos, e perdi
toda a beleza das coisas pesadamente guardadas,
tenho muita sede
dessas de mergulhar nos rios, de beber
a água das folhas, o orvalho que ficou,
meus ossos suspiram
num gemido de dor e descanso
eu viria, tu virias anêmica das tempestades caladas
pedindo uma palavra, um beijo, uma vida,
mas não sou eu
tenho sede e por isso vou embora
tenho fome e cada vez mais estou distante
tenho sono
de não acordar, de sair, de lamentar aos prantos
o cansaço que desce sobre as pesadas pálpebras
e faz dormir
desistir
chorar ...