Ao longe
Longe, lá longe as estrelas vão dizendo lentamente as palavras do poema
uma das saídas está fechada, mas outras são luzes piscantes
incômodas,
para olhos acostumados aos calabouços
masmorras
quartos de pretensos poetas,
um som vem calmamente até meus ouvidos
acidentes graves, explosões de mundos, fúrias elaboradas
este mundo agoniza soturnamente ao correr dos dias,
mais uma hora
destas sem brilho
sem inspiração
uma voz
claríssima espectral extraordinária
em meio à canção
na verdade tua voz revelando carência de tanto tempo
carência que espera a minha para juntas
longe, lá longe dar as mãos e amar,
minha mente é uma longa avenida
cheia de ferros retorcidos
motores queimando enfurecidos
vontades disparando a milhares por hora
um trem
sem direção
um corpo
lançado a dez mil pés de altura
mais uma hora
que te espero
longe, lentamente as estrelas desaparecem no céu
aprendi a esperar, a temer, a confiar
aprendi lentamente os segredos desta vida,
extraordinária vida!