GRAMPOS DA CERCA
Tá escuro...
Tá Frio...
A vela apagou
Queimou o pavio
Ardeu minha dor
Busquei teu calor
Achei teu rancor
Me despi do pudor
Mas brotou um tumor
Me atraquei com tua ira
Meu Deus quanta mentira
Quanta magoa enrustida
Transformada em ferida
Não sei mais o que penso
Tudo parece contra-senso
Tua empáfia afronta
E teu cinismo já aponta
Te descreves como a tal
Acima do bem e do mal
Mas esqueces que até outro dia
Limpavas a bunda com jornal
Tua onipotência é bastarda
Tua linha abstrata
Ignoraste teu amigo
Pois olhaste só pro próprio umbigo
Cuidado com os grampos da cerca
Um deles te fura a mão
Ferida que não cicatriza
Pouco a pouco te agonizas
Com a perda da razão
Feriste quem te amou
Traíste quem te ajudou
Castraste até a esperança
Já morta, que agora descansa
Mas o mundo é redondo
Um dia vejo teu tombo
Talvez até lhe estenda a mão
Ou apenas lhe vire o rosto
Meu caminho seguirei em frente
Ainda um pouco doente
Mas forte o suficiente
Pra tirar você da mente...