GRAMPOS DA CERCA

Tá escuro...

Tá Frio...

A vela apagou

Queimou o pavio

Ardeu minha dor

Busquei teu calor

Achei teu rancor

Me despi do pudor

Mas brotou um tumor

Me atraquei com tua ira

Meu Deus quanta mentira

Quanta magoa enrustida

Transformada em ferida

Não sei mais o que penso

Tudo parece contra-senso

Tua empáfia afronta

E teu cinismo já aponta

Te descreves como a tal

Acima do bem e do mal

Mas esqueces que até outro dia

Limpavas a bunda com jornal

Tua onipotência é bastarda

Tua linha abstrata

Ignoraste teu amigo

Pois olhaste só pro próprio umbigo

Cuidado com os grampos da cerca

Um deles te fura a mão

Ferida que não cicatriza

Pouco a pouco te agonizas

Com a perda da razão

Feriste quem te amou

Traíste quem te ajudou

Castraste até a esperança

Já morta, que agora descansa

Mas o mundo é redondo

Um dia vejo teu tombo

Talvez até lhe estenda a mão

Ou apenas lhe vire o rosto

Meu caminho seguirei em frente

Ainda um pouco doente

Mas forte o suficiente

Pra tirar você da mente...

Luciano Galassi
Enviado por Luciano Galassi em 11/11/2008
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